‘Open finance’ é conhecido por 45% dos brasileiros bancarizados, segundo pesquisa da Zetta

17 de julho de 2024

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Apenas 5% se consideram bem informados sobre sistema, de acordo com pesquisa; acesso a crédito e aumento de limite são vistos como maiores benefícios

O “open finance” (sistema financeiro aberto) é conhecido por 45% da população bancarizada, porém apenas 5% se consideram bem informados, enquanto 55% disseram que nunca ouviram falar do sistema. Os dados constam em pesquisa Datafolha encomendada pela Zetta, associação que representa fintechs como Nubank e Mercado Pago, antecipada pelo jornal Valor.

A pesquisa apontou que o conhecimento é maior entre os ativos economicamente, pessoas com maior escolaridade e classe econômica. O levantamento ouviu 1.452 pessoas bancarizadas em 113 cidades brasileiras, tem nível de confiança de 95% e margem de erro de três pontos percentuais.

Eduardo Lopes, presidente da Zetta, diz que o número de pessoas que nunca ouviram falar não surpreende e afirma que o open finance é “como se fosse algo quase que feito para ser invisível mesmo”, já que é uma estrutura que permite a conexão de dados e o surgimento de funcionalidades e produtos. “Quando você usa um produto desenvolvido a partir do open finance, não necessariamente sabe que aquilo é do open finance.”

Segundo Lopes, há um desafio de comunicação para que as pessoas entendam, mas “tem um outro lado que é um pouco por natureza algo de bastidores”. Outro fator, afirma, é a necessidade de haver mais casos de uso para as pessoas compreenderem melhor do que se trata.

Entre os benefícios vistos pelos participantes da pesquisa, a facilidade de acesso a crédito e aumento de limite aparece em 25% das respostas. Organização financeira e praticidade na movimentação de contas foram citados por 23%. Outros 36% não souberam dizer quais eram os principais benefícios. No recorte por classe econômica, 50% das pessoas ouvidas das classes D/E não souberam indicar os benefícios do open finance. O número cai para 37% na classe C e 29% nas classes A e B.

O relatório aponta que o uso do open finance ainda é “relativamente baixo”. Apenas 12% dos entrevistados afirmaram que já compartilharam ou tentaram compartilhar dados e 6% tiveram experiência com pagamentos ou transferência por meio da estrutura. “No entanto, grande parte reconhece o valor do sistema para a sociedade em geral e é possível afirmar que existe um grande espaço para a expansão do open finance em termos de adoção”, diz o documento.

A pesquisa mostra que há um desafio para ganhar a confiança das pessoas. Por exemplo, o open finance permite que o cliente veja o saldo de uma conta sua no aplicativo de outras instituição financeira. No entanto, apenas 30% concordaram totalmente com a afirmação de que é possível confiar no saldo de outras contas que aparece no aplicativo. Outros 23% concordaram em parte, 18% discordaram em parte, 27% discordaram totalmente e 2% nem concordaram, nem discordaram.

Em nota, o BC afirmou que o open finance é uma estrutura em “constante evolução” e o cliente pode não perceber diretamente os benefícios do compartilhamento de dados.

“Quando você usa um produto desenvolvido a partir do open finance, não sabe necessariamente que é do open finance”, diz Eduardo Lopes.

Nesse ponto, o BC destacou que tem procurado as principais instituições para obter dados de benefícios e que já há um esforço de divulgação nesse sentido. Além disso, o BC citou a recente divulgação da estrutura de governança definitiva do open finance, “que permitirá maior profissionalização da estrutura, com expectativa de um trabalho mais focado nessa questão de comunicação”.

No anúncio da nova estrutura, o diretor de regulação do BC, Otávio Damaso, ressaltou que o open finance “já é uma realidade” e apresentou exemplos de benefícios, como economia no uso do cheque especial e mais eficiência nas operações de crédito.

A pesquisa também mostra, considerando os entrevistados que já utilizaram o sistema, que 56% têm a percepção de que os bancos digitais e fintechs se destacam no uso do open finance, enquanto 43% veem mais destaque nas instituições incumbentes.

Em uma pergunta que tratava do destino dos dados quando o entrevistado compartilhou ou tentou compartilhar informações pelo open finance, bancos digitais e fintechs foram citados em 80% das respostas e os incumbentes, em 48%. Sobre a instituição de origem dos dados, os incumbentes foram citados em 66% das respostas e os bancos digitais, em 38%.

Para Lopes, da Zetta, a explicação para esses números envolve o objetivo do open finance, que é gerar mais competição no mercado. Ele afirma que há quase um “incentivo natural” para que os entrantes queiram investir mais nisso. “Os novos entrantes é que precisam competir com os com os tradicionais, e é por isso que eles investem pesadamente e precisam gerar esses benefícios para as pessoas e aí a percepção delas é essa ‘poxa, no banco digital, fintech, estou tendo muito mais opções”, diz.

Em termos das funcionalidades que seriam mais desejadas pelas pessoas no open finance, a portabilidade e um maior controle do salário foram citados por 17% dos entrevistados. Já o alerta de transações suspeitas em outros bancos e o alerta de cobrança de taxa de juros ou tarifas registaram 16% cada.

Fonte: Valor