Crise dos juros globais pode afastar investidores do Brasil

8 de março de 2023

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Disparada de juros pagos pelos títulos públicos de várias economias desenvolvidas poderá ser, em breve, a mais nova dor de cabeça para os mercados emergentes

A disparada dos juros pagos pelos títulos públicos de várias economias desenvolvidas nas últimas semanas poderá ser, em breve, a mais nova dor de cabeça para os mercados emergentes dependentes do fluxo de capital estrangeiro. A turbulência será mais forte nos países que apresentam maior fragilidade fiscal ou nas suas contas externas. É o que afirma Fábio Alves, colunista do Valor.

Nos Estados Unidos, as taxas dos títulos de 10 anos de prazo do Tesouro voltaram a superar o patamar de 4% na semana passada, aproximando-se do maior pico recente (em outubro do ano passado) de 4,34%, uma taxa que não se observava desde 2007, início da grande crise financeira mundial.

Os recentes indicadores de atividade e de inflação vieram bem mais fortes do que os analistas previam, forçando o mercado a projetar um ciclo de alta de juros mais duro e prolongado pelos principais bancos centrais do mundo. Primeiro, foi o número de criação de empregos nos EUA em janeiro (517 mil, superando em duas vezes e meia as projeções), mostrando que um mercado de trabalho mais apertado tornará mais difícil controlar os preços na economia americana. Recentemente, o núcleo da inflação (que exclui os preços voláteis, como energia e alimentos) na Zona do Euro voltou a acelerar em fevereiro.

Se os próximos dados surpreenderem para cima de novo, os juros dos títulos públicos de países desenvolvidos poderão atingir níveis críticos, levando os investidores a fugir do que consideram risco. E o Brasil, ainda sem âncora fiscal crível e com a monetária sob ataque pelo presidente Lula, está no topo da lista.

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