B3 cria comitê de ética em inteligência artificial para analisar concessão de crédito

17 de março de 2023

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Ideia é encontrar caminhos dentro do sistema financeiro para inserir uma população que não tem acesso ao crédito por conta dos modelos estatísticos de análise aplicados atualmente

A B3 está formando um comitê de ética para avaliar a aplicação da inteligência artificial (IA) na análise de concessão de crédito e buscar inserir pessoas menos favorecidas e gerações com perfis diferentes no país.

Segundo Milena Fório, superintendente jurídica de Produtos Não Regulados, Market Data, Concorrencial e Contratos de Produtos na B3, a ideia é encontrar caminhos dentro do sistema financeiro para inserir uma população que não tem acesso ao crédito por conta dos modelos estatísticos de análise aplicados atualmente.

“Com o avanço da tecnologia, hoje temos uma capacidade muito grande de aplicar diversos modelos preditivos e o que se tem visto é a inclusão de novas pessoas no mercado financeiro”, disse Milena, na manhã de hoje, durante o evento “Ética e governança da IA em organizações”, promovido pela Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV Direito SP), em São Paulo.

Além de ter comitês que discutem privacidade e governança de dados, atualmente, a B3 define o escopo do novo comitê de ética, incluindo uma composição multidisciplinar, além de integrantes das áreas jurídicas e de governança.

“Meu ‘sócio’ no tema é o diretor de produtos de dados, que é justamente a pessoa que quer monetizar o dado e a gente precisa entender o foco da organização”, comentou a superintendente.

Milena afirma que os modelos estatísticos de análise preditiva de crédito colocam a população em faixas “como a dos excluídos, que tinham crédito sempre negado, e a faixa de crédito que exigia uma quantidade de garantias muito grande, normalmente atreladas a bens”.

“A gente sabe que as gerações estão mudando então as pessoas não querem mais ter carros ou casas e isso impacta os modelos de concessão de crédito”, ilustrou.

A discussão do novo comitê ganhou relevância na B3, informou a superintendente. “Já falamos a respeito tanto no nosso conselho de administração, como nos comitês de auditoria e de ética sendo que este último não falava de inteligência artificial e agora desmembramos o comitê para termos um foco em IA.”

Em dezembro, a B3 recebeu o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para adquirir o capital social da Neurotech Tecnologia da Informação, especializada em desenvolver aplicações de IA, big data e aprendizado de máquina, por R$ 569 milhões.

O negócio anunciado em novembro compreende a aquisição das quotas das empresas Neuropar e Neuroanalítica, que detinham, respectivamente, 43% e 57% da Neurotech, além de um aporte de R$ 50 milhões e o pagamento de R$ 523 milhões, de acordo com o desempenho futuro do negócio.


Fonte: Valor