Anbima defende governança robusta para uso de IA

23 de julho de 2024

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Associação orienta mercado sobre aplicação ética e responsável da tecnologia

Bancos, corretoras, gestoras de recursos e fintechs devem se tornar grande usuários da inteligência artificial (IA) generativa, tecnologia que promete viabilizar novos produtos e serviços hiperpersonalizados, além de automatizar atividades repetitivas. Para orientar sobre a adoção ética e responsável da aplicação, a Anbima, associação que faz a autorregulação do setor, desenvolveu um guia prático com recomendações sobre gestão de dados, governança e transparência, entre outros aspectos.

Segundo Zeca Doherty, diretor-executivo da Anbima, em entrevista ao Valor, uma das preocupações diz respeito à coleta, gestão e segurança de informações, que precisam estar aderentes às regras da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), além do compliance das empresas. Outro ponto sensível são os algoritmos, que podem eventualmente reproduzir vieses indesejados e tomar decisões que perpetuem preconceitos e atitudes discriminatórias.

“O ponto crucial é que as lideranças estabeleçam uma governança interna robusta, com a formalização de procedimentos, responsabilidades e transparência na comunicação para que possam se adiantar a uma regulação que venha a existir”, disse.

Abre um leque de possibilidades, com potencial de elevar receita e produtividade”

Levantamento da Anbima mostra que 31 países já aprovaram leis sobre uso da IA e outros 13 discutem projetos de regulamentação, incluindo o Brasil. A associação acompanha as discussões no Congresso e se colocou à disposição para colaborar com o debate.

O guia é uma primeira iniciativa na área de inteligência artificial, que inclui ainda workshops, seminários internos e eventos para aproximar startups que desenvolvem as aplicações às “dores reais” do mercado que possam ser amenizadas pela tecnologia. Eventualmente, afirma Doherty, a Anbima pode no futuro desenvolver algum compromisso de autorregulação em relação ao uso da inteligência artificial.

O material traz diversas recomendações de boas práticas para as instituições que querem implementar sistemas de IA. Para garantir que o uso seja responsável e ético, a Anbima recomenda que as empresas sigam os cinco princípios definidos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para a gestão responsável dos sistemas de IA: 1) priorizar resultados benéficos para colaboradores e para o planeta; 2) ter valores centrados nos direitos das pessoas; 3) promover transparência; 4) garantir segurança sobre o uso da tecnologia; e 5) ter regras para o bom funcionamento dos sistemas.

“A IA abre um leque de possibilidades para o mercado de capitais, com potencial de aumentar a receita e a produtividade das instituições. Ela pode agilizar tarefas repetitivas, aprimorar a tomada de decisões, hiperpersonalizar a interação com clientes, ajudar a criar produtos inovadores… Mas a implementação ou desenvolvimento eficaz de sistemas depende de uma visão 360 graus sobre a tecnologia e seus efeitos”, disse Doherty.

Além de desenvolver uma estrutura de governança própria para lidar com a tecnologia, a Anbima orienta os participantes do mercado a investir no treinamento de colaboradores, fornecedores de sistemas e mesmo os clientes sobre como os sistemas de IA são usados e ainda monitorar eventuais mudanças regulatórias e riscos associados à tecnologia.

Fonte: Valor